Sumiço

Onde está a placa de Juliana Martinelli?

Peça que dava o nome da ativista LGBT+ à esquina das ruas Cassiano e Santa Tecla foi arrancada

Carlos Queiroz -

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) volta a julgar ações que pedem a criminalização da homofobia e da transfobia, um provável ato de intolerância é registrado em Pelotas. A placa que nomeava a esquina entre as ruas Cassiano e Barão de Santa Tecla com o nome da educadora social travesti Juliana Martinelli foi retirada no último dia 14. Ainda não há suspeitos.

O ato, na verdade, pode ser inclusive considerado como depredação do patrimônio público. A placa, colocada no local em 29 de janeiro, teve um custo de R$ 150 financiado pelo governo municipal, a partir de decreto da prefeitura que definiu Juliana Martinelli como o nome da esquina. Houve inclusive inauguração, com presença da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB). Trata-se de uma homenagem a uma pessoa que lutou pelos direitos LGBT+ na cidade, em local simbólico para a população trans. Juliana atuava pela ONG Vale a Vida, representava a Associação Nacional das Travestis e Transexuais (Antra) e percorria a noite entregando preservativos para quem o mercado de trabalho virou as costas. Ela morreu em 16 de agosto de 2018.

Na comunidade LGBT+ pelotense, o sumiço da placa, a menos de um mês após a inauguração, foi recebido com misto de revolta, tristeza e pouca surpresa. “Logo que foi divulgada a colocação recebemos diversos comentários de ódio, então sabíamos que aconteceria. Só não imaginávamos que fosse em tão pouco tempo”, comenta o representante do grupo Também, Marcos Fernandes. “É uma transfobia. Mostra que essa pessoa não aceita uma homenagem como essa na cidade”, completa. A placa foi retirada com o auxílio de ferramentas e não ouve sinais de arrombamento - tampouco de ação natural. Boletim de ocorrência deve ser registrado nos próximos dias, com o objetivo de gerar investigação.

Representante do mesmo grupo, Márcio da Silva enfatiza que, após pesquisas, se chegou à conclusão de que esta é a única esquina no mundo batizada em homenagem a uma travesti e, em menos de um ano, é a segunda representando uma ativista das minorias que é destruída no Brasil. Ele se refere à placa com o nome da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), arrancada e partida ao meio, no Rio de Janeiro, pelos agora deputados federal e estadual pelo PSL, Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, respectivamente.

Vaquinha
O objetivo dos ativistas do movimento LGBT+ pelotense é colocar uma nova placa no local. Quantas vezes forem necessárias. Para isso, lançaram uma campanha nas redes sociais para angariar fundos, com o objetivo de adquirir as novas. A repercussão tem sido supreendentemente forte, com doações inclusive de fora do país. A ideia é que a esquina Juliana Martinelli volte a ter placa na próxima semana. Interessados em contribuir podem entrar em contato pela página https://www.facebook.com/semanadiversidadepelotas/

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